Artigo: adoção do Blockchain é inevitável
Tecnologia deve ganhar força nos próximos anos e pode trazer oportunidades interessantes para o país
"A visão do Governo sobre a economia: se
se move, tribute. Se continua se movendo, regule. Se parar de se mover,
subsidie". Uma das citações que eu mais gosto do Ronald Reagan,
ex-presidente americano, diz muito do nosso Estado hoje.
O Brasil acaba de cair mais duas
posições no ranking mundial de prosperidade pelo seu ambiente
desfavorável de fazer negócio, graças à regulamentação e às regras
desnecessárias impostas, o que impedem o desenvolvimento de todos. Isso
me fez refletir: como é possível termos chegado nesse nível de
degradação estando localizados em uma das partes mais ricas do mundo e
com uma população tão adaptável, criativa e inovadora como a nossa?
Fui buscar então, a origem do motivo e
cheguei à Revolução Industrial. O que ocorreu foi que com o surgimento
de novas máquinas e automação da produção, nasceram empresas com maior
produtividade, derrubando os preços de forma nunca vista antes. Tal
eficiência gerou preocupação nas grandes corporações que, para se
protegerem, tiveram a ideia de comprar essas novas empresas e impedir a
competição, mantendo suas altas margens. Infelizmente para eles, sempre
que mantinham margens elevadas, atraiam novos competidores, com máquinas
mais modernas e preços mais baixos, inviabilizando a estratégia de
comprar todos os concorrentes.
A outra ideia para evitar perdas de
mercado foi a criação de cartéis, em que os fornecedores se juntavam
para combinar um volume de venda e preços dos produtos, garantindo uma
boa margem para todos. Esse modelo também se mostrou ineficiente, uma
vez que sempre um dos participantes do acordo, por interesse próprio,
vendia de forma "escondida" seus produtos a preços menores para alguns
clientes. Obviamente, não conseguiam conter a informação e todos ficavam
sabendo.
O resultado disso era uma rivalidade
ainda maior e uma concorrência ainda mais acentuada do que antes da
formação do grupo. Pior, o problema persistia. Sem opção sua última
cartada foi apelar para o Governo, alegando que os novos concorrentes
estariam baratos, pois os produtos eram piores e portanto, prejudiciais à
população. Assim, em nome de uma proteção e garantia de melhores
produtos a saída era regulamentação para os setores.
Essas acabavam gerando regras
impeditivas para players menores surgirem e menos interessante para os
players maiores, criando uma reserva de mercado, mantendo o preço
elevado e desestimulando a geração de novos empregos. Não é exatamente
isso o que vivemos até hoje? De certo modo, sim. Quando o Estado exige
mais de 10 alvarás, e uma infraestrutura robusta para qualquer pequena
indústria se estabelecer, ou regras e taxas para impedir inovações como a
Netflix, por exemplo, está dando continuidade a esse formato que surgiu
no passado. Mas, felizmente (e finalmente!), as tecnologias estão
surgindo para quebrar essa lógica. A principal delas é o Blockchain.
O Blockchain é uma tecnologia que visa a
descentralização como estrutura para melhora na segurança.
Simplificando, ele é uma cadeia de blocos, e cada bloco tem três partes:
um código único (Hash), o Hash do bloco anterior e a informação
desejada. Qualquer mudança no bloco muda seu Hash e toda informação é
pública e mantida por todos, de modo a criar consenso e confiança na
comunicação direta entre duas partes (Peer 2 Peer), ou seja, sem o
intermédio de terceiros e sem a intervenção do Estado.
A previsão é que nos próximos anos
várias iniciativas (empresas) ou comunidades vão surgir usando o
Blockchain. Imagine que venha uma lei proibindo os aplicativos de
carona, mas que uma solução baseada em Blockchain surja. Como é
descentralizada, não tem como o Estado coagir essa estrutura. Motoristas
e passageiros interessados vão se cadastrar na plataforma e pagar
diretamente uns para os outros. Mesmo que alguém tente regular isso ou
punir a iniciativa, não irá conseguir.
Sendo a favor ou achando que essa nova
estrutura será uma ameaça, a evolução dessa nova tecnologia é
inevitável. Cabe a nós aprendermos como funciona para sairmos na frente e
aproveitar as melhores oportunidades.